quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Esperando por Ele

Ela estava lá, esperando por ele.

Eles não tinham marcado encontro, nem se falavam a vários e vários dias.

Mas ali era o barzinho que ele freqüentava sempre e ela estava a esperá-lo.

Várias pessoas começavam a chegar, a banda já instalava seus instrumentos e o nervosismo em seu rosto era aparente.

Ela pediu uma caipirinha de morango, comprou seu cigarro (vicío adquirido à pouco tempo devido ao nervosismo) e foi fumar na entrada do bar.

'Se ele passar na rua verá que estou aqui e parará!', pensou.

A música começou a tocar, as pessoas conversavam cada vez mais alto, algumas até dançavam, a noite já tinha caído completamente.

O copo de caipirinha já havia se esvaziado há muito tempo e seus cigarros já estavam pela metade quando ele finalmente chegou.

Olhou para ela como se fosse uma pessoa qualquer, como ele sempre olhava.

Cumprimentou-a, sorriu para os amigos e foi se sentar com eles.

O mundo dela caiu naquele instante.

Ela havia alisado os cabelos, colocado um lindo vestido, se maquiado impecavelmente. Estava sentada naquele maldito barzinho a noite inteira e ele simplesmente não a notou.

Ela sentiu vontade de quebrar o copo vazio, de chamar sua atenção, de gritar: 'Eu sempre estive aqui, porque é tão dificil notar?'

Mas na verdade, não fez nada. Ele tinha o poder de fazê-la passar por cima de tudo por ele, ele tinha o poder de fazê-la aceitar tudo, ele tinha o poder de fazê-la sorrir como ninguém e ao mesmo tempo, ele tinha o poder de fazê-la se sentir um lixo.

Ela ficou ali sentada pelo resto da noite, bebendo caipirinhas, sentindo raiva de si mesmo, sentindo raiva dele e de todos ao seu redor.

Pela primeira vez ela se permitiu sentir raiva.


(Para todos que ainda se permitem sentir, seja lá qual for o sentimento!)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Tão Leve

O corpo já não suportava a intensidade da alma
Seus olhos já não enxergavam essa realidade
Esse mundo já não era o bastante
Sentia seu corpo pesado demais
Se enraizando ao chão

Deixe me partir
Para um lugar distante
Voar sobre os montes verdes
Sob um céu azul sem fim

O corpo já não suportava a intensidade da alma
E todos ao redor percebiam o pulsar de energia
Todos percebiam a luz que ele emanava
Todos viam suas asas invisíveis

Deixe me partir
Tão leve quanto o vento
Tão livre
Sem destino
Apenas voando

O corpo já não suportava a intensidade da alma
Ele precisava tocar as estrelas
Ir além do que a noite proporcionava
Ele precisava tocar o sol
Pois sentia que iria explodir
Esse mundo já não era o bastante

Deixe me partir
Para um lugar distante
Voar sobre os montes verdes
Sob um céu azul sem fim
Deixe me partir
Tão leve quanto o vento
Tão livre
Sem destino
Apenas voando
Sob um céu azul sem fim
Sob um céu azul sem fim

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Tres anos depois

“Já haviam se passados exatos três anos. Exatamente hoje ela, às quatro e meia da madrugada, estava se lembrando de onde estava e como foi à madrugada deste dia, três anos atrás.
Sentada em sua sala escura, sozinha, tomando um copo de chocolate quente ela refletia sobre todas as coisas que haviam ocorrido desde então.
‘O mundo da voltas!’ pensou consigo.
Ela lembrou-se das baladas, das ressacas, dos namorados (nada que ela pudesse chamar de namoro serio), das noites que não dormia e principalmente das tantas noites que adormecia depois de longas horas de choro silencioso.
Hoje ela podia se lembrar de tudo isso com tranqüilidade, essas coisas já não doíam mais. Seu coração já se considerava cicatrizado e talvez sua confiança no sexo masculino tivesse se restaurado por completo. Ela já podia dizer para si mesma que tudo isso foi uma fase estranha e dolorida que lhe trouxe amadurecimento, mas ela só podia enxergar isso atualmente.
Ela deixara a pequena cidade do interior um ano depois, quando recebeu uma proposta de emprego, nada que a fizesse se sentir rica, mas o suficiente para se manter em uma cidade diferente. Ela arrumou coragem e foi, morou em republicas, dividiu apartamentos, atrasou a mensalidade da faculdade, ficou meses sem ir a baladas ou se dar o luxo de comer pizza.
‘Mas três anos se passaram desde então’, ela riu.
Hoje, ela morava em um apartamento confortável, ganhava o suficiente para viver bem, dentre os limites da economia e já terminara a faculdade. Isso a fez com que se lembrasse de sua formatura, convidou apenas seus pais, irmãos e cunhadas, o suficiente para se sentir feliz.
Claro que nem tudo pode ser perfeito. Ela morava bem, ganhava bem e tinha um bom emprego. Ia para as baladas com os amigos (bebia moderadamente comparando-se com os tempos difíceis), mas seu coração ansiava por um amor, como aquele que teve que a fazia sentir-se nas nuvens, o coração palpitando, sorrindo... mas ao mesmo tempo querer um amor como aquele a trazia medo, afinal, não teve um final feliz.
Ela se lembrava de cada discussão ao celular, de cada encontro surpresa pelas ruas e festas, de cada exposição idiota para chamar a atenção, de cada palavra que feria seu coração. Mesmo pensando nisso em raras ocasiões, ela jamais conseguiu esquecer.
‘Se um dia eu puder esquecer...’cochichou para o silencio.
Ela levou sua caneca ate a cozinha, dirigiu-se para seu quarto, olhou para sua cama de casal vazia, suspirou e deitou-se. Adormeceu rapidamente, para poder se encontrar logo com ele, o causador de suas maiores dores e angustias, o amor de seus sonhos, aquele que mesmo abandonando-a em vida era completamente presente em seus sonhos.”

Por Laísa Ramos

Espero que tenham gostado da poesia acima, ela foi escrita pela Laísa Ramos, minha mais nova parceira no blog, deixo aqui registrado meu BEM VINDO LAÍSA, que essa nossa parceria nas poesias sejam duradoras.