terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Meu Segundo-Primeiro Amor

Ela estava sentada em uma praça qualquer, ouvindo cantigas natalinas e tendo a certeza de que mais da metade das pessoas que passavam por ali eram totalmente sem graça.
Até algo lhe chamar a atenção. Em um segundo seu corpo congelou e se incendiou, ela sentiu como se estivesse dormente e elétrica, todos os seus pensamentos escaparam de sua cabeça e a crença que ela tinha sobre sua sanidade vacilou.
Ela poderia levantar-se e correr em sua direção ou ficar sentada ali sem acreditar. A certeza de que deveria levantar e abraçá-lo foi imensa, mas suas pernas congelaram, ela continuou sentada, com uma expressão incrédula, com os pensamentos a mil. E ao mesmo tempo que tudo parecia meio lento e sua cabeça funcionava a todo vapor, bastou apenas alguns segundos para sumir de sua visão.
Estaria louca? Já havia se passado muito tempo desde que ela saiu dos dezesseis anos e mesmo sabendo disso, mesmo tendo a certeza de que seria impossível voltar no tempo, ela havia visto ele, aquele "ele" do passado.
O choque levou mais de um minuto para passar, então já era tarde demais, ele já havia sumido entre as pessoas, ela já não o enxergava entre os rostos estranhos.
Ela se sentiu decepcionada consigo mesma por não ter tido a coragem e a velocidade de ir até ele, de tocá-lo, de matar a vontade de abraçá-lo e ao mesmo tempo ainda não conseguia acreditar no que seus olhos viram.
Ela caminhou pela multidão, olhou para os rostos estranhos à procura daquele rosto tão familiar e quando finalmente pensou em desistir, bastou olhar para o lado para descobrir que ele andava descontraido e distraído ao seu lado.
Ela chegou pertinho, tocou suavemente seu braço para ter certeza de que era real, abriu um belo sorriso e disse:
- Oi, você se importa de me dizer seu nome?
A mesma expressão, os mesmos olhos profundos, a mesma maneira de rir para ela...

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Meio cansado



Ando meio cansado
O mundo é muito pesado
Grande demais para meus ombros
Cada dia uma nova frustração
Cada dia uma nova desilusão
Todo dia eu tento me encaixar
Em um mundo que pareço não pertencer
Em um mundo cada vez mais vazio

Estrelas em chamas a cair do céu
Acertando os fantasmas que me rodeiam
Enquanto eu imploro para que elas me acertem
Ponto um final em tudo

Ando meio cansado
Tentando ser eu mesmo
Em um mundo sem valores
Em um mundo sem amores
Cada dia uma nova facada
Cada dia menos sangue nas veias
Em um mundo que pareço não pertencer
De pessoas cada vez mais vazias

Estrelas em chamas a cair do céu
Acertando os fantasmas que me rodeiam
Enquanto eu imploro para que elas me acertem
Ponto um final em tudo

Ando meio cansado
Como uma pagina em branco
Colecionando manchas negras
Com palavras borradas
Onde não sem pode ler
Um pagina arrancada
De um livro que nunca saberá o qual

Estrelas em chamas a cair do céu
Acertando os fantasmas que me rodeiam
Enquanto eu imploro para que elas me acertem
Ponto um final em tudo
Enquanto eu imploro para que elas me acertem
Deixando tudo para trás
 

sábado, 3 de dezembro de 2011

Célula a célula




Ele gostaria de por para fora o que estava sentindo
Mas era tudo tão confuso
Que chegava a faltar ar em seus pulmões
Era tudo tão confuso
Que fazia seu corpo transbordar em suor
Seu coração parecia não agüentar tudo aquilo
Por mas que ele lutasse contra
Ele se sentia morrendo
Ele via seus sonhos por mais distantes que fossem
Se despedaçando
Ele via suas memórias se esfarelando
Como um castelo de areia ao vento
Perdendo sua forma
Perdendo seus detalhes
Pouco a pouco
Grão a grão

Ele tentava digerir cada palavra
Tentando segurar o sangue que jorrava das feridas
Abertas como facadas
Ele tentava digerir cada atitude
Mas era tudo tão confuso
Que fazia seu estomago rodar
Era tudo tão confuso
Que fazia seu corpo desfalecer
Como uma doença sem cura
Consumindo tudo
Cada alegria, cada momento feliz
Arrancando cada vontade de continuar
Cada força
Pouco a pouco
Célula a célula

Ajoelhado olhando para o alto
Ele gritava
Ele gritava tentando por para fora tudo que estava sentindo
Tentando vomitar seu coração
Explodindo tudo ao redor
Tentando matar tudo aquilo que estava te matando
Extrair da sua alma tudo que ficou
Ajoelhado olhando para o alto
Ele gritava

Então ele caiu
Faltava ar em seus pulmões
Seu corpo transbordava em suor
Seu coração parecia não agüentar tudo aquilo
Por mas que ele lutasse contra
Ele se sentia morrendo
Seus sonhos por mais distantes que fossem
Se despedaçando
Suas memórias se esfarelando
Como um castelo de areia ao vento
Perdendo sua forma
Perdendo seus detalhes
Pouco a pouco
Grão a grão

Deitado olhando para o alto
Ele gritava
Ele chorava
Ele gritava tentando por para fora tudo que estava sentindo
Ele gritava tentando vomitar seu coração
Explodindo tudo ao redor
Tentando matar tudo aquilo que estava te matando
Extrair da sua alma tudo que ficou
Ajoelhado olhando para o alto
Ele gritava
Perdendo sua forma
Perdendo seus detalhes
Pouco a pouco
Grão a grão
Célula a célula