Ela estava sentada ali já fazia horas. Sua boca já tinha adquirido o forte gosto de Cuba e seus cigarros já tinham acabado há tempos. Mesmo assim ela se mantinha bêbada, sentada no mesmo lugar.
Seu cérebro funcionava lentamente, mas seus pensamentos se mantinham no mesmo foco: “Como cheguei aqui?”.
O barzinho era bacana, a música agradável, as pessoas bonitas.
Vários caras haviam chegado nela e ela havia recusado todos.
Às vezes ela puxava um papo descontraído com o barman, que na metade da noite passou a dividir seus cigarros de menta com ela. Outras vezes ela apenas escutava a música e tentava entender o que a letra tentava lhe ensinar.
Havia momentos em que seu corpo deslizava lentamente no banco sob o ritmo da música, seus cabelos compridos balançavam suavemente.
Sua meia calça preta deixava a mostra o contorno de suas finas pernas. O vestido tinha um caimento perfeito. As pulseiras lhe davam um ar mais delicado e o sapato de salto fino lhe dava um ar de elegância. Não tinha como não notá-la. Ela sorria ao final das músicas e tinha um brilho que chamava a atenção de todos.
Mesmo assim, tudo isso passava despercebido para ela. Ela só queria entender como chegou até ali, como foi que do nada estava sentada sozinha em um bar, atraindo olhares e desejos.
Antes que a música parasse ela se despediu de seu novo amigo barman, desceu lentamente do banquinho e se encaminhou até a saída.
Antes que ela chegasse ao final do corredor, ela puxou um cara qualquer pelo colarinho e sussurrou em seu ouvido: “Ah, agora me lembro como cheguei aqui. Agora entendi porque estou sentada sozinha, caminhando sozinha!”
Ela soltou o rapaz um tanto quanto confuso, caminhou, abriu a porta e foi embora.
(Para todos aqueles que tentam compreender seus caminhos.)